Então afinal, por quê a caveira?

Eu sempre achei os crânios, assim como as caveiras, simplesmente fascinantes. 

Invariavelmente associados a morte, foram ressignificados ao longo do tempo por superstições, preconceitos e interpreteções equivocadas. Com este projeto, espero poder contribuir na desmistificação deste símbolo universal tão importante para a humanidade.

Muitas tribos Tibetanas, assim como divindades Hindus, usaram o crânio humano como um ornamento, representando a 'cabeça' do grupo, e também como um utensílio em rituais de sangue. Shiva por exemplo, usa uma cabeça humana, e muitas vezes um colar feito de crânios menores para simbolizar o seu papel de destruidor e ceifador de vidas. Já no Ocidente, simboliza a mortalidade e a passagem transitória da vaidade mundana. Emerge na Europa no século 15, sendo usado para decorar tumbas e cemitérios, assim como em adornos macabros ao redor de objetos funerários. Mais tarde seria adotado por piratas que popularizaram o emblema "caveira e ossos cruzados" (skull and crossbones) para indicar perigo iminente ou morte imediata. Finalmente também foi, e ainda é, utilizado para indicar substâncias tóxicas e perigo de morte.

Os crânios podem surgir a solo ou com esqueleto coadjuvante, mas enquanto legado da humanidade ancestral, ele sempre nos lembrará que a vida é um sopro, sendo igualmente uma benção da criação. Nos adverte que na morte somos todos iguais, sem distinção de cor, gênero, beleza, riqueza, religião ou inteligência. Afinal, enquanto restos mortais, nós somos todos iguais.

A crença popular contemporânea, quando integrada nas artes de trabalhos musicais, torna a fusão ainda mais icônica e memorável. Há grupos cuja imagem estarará sempre associada às caveiras, quer pelo conceito artístico desenvolvido, quer pelos desdobramentos em logotipos e mascotes morto-vivos de sua apresentação visual e comercial.

 
Ilustração de H.R. Giger no álbum do grupo de rock progressivo ELP

Passei minha adolescência a ouvir bandas de rock pesado através de K7s com gravações dos LPs emprestados de amigos. Demorou décadas até finalmente possuir hoje uma consideravel coleção original em cds e também digital, contando é claro, com os imprescindíveis avanços tecnológicos trazendo benefícios para os internautas, e ao mesmo tempo avassalando a indústria da música. No Brasil, nem todo jovem tinha (ou têm) acesso a um bom equipamento de som, ou até mesmo discos importados. As tiragens em vinil neste segmento do mercado nacional nunca foram muito significativas, e somente um pequeno percentual de artistas e/ou bandas venderam bem e se tornaram populares, por vezes até icônes da juventude. Grupos como Motorhead, Iron Maiden, Guns'n'Roses ou Megadeth são bons exemplos. De qualquer forma colecionar cópias, sejam elas promocionais, digitais, físicas, originais ou não, tornou-se o meu modus operandis desde então, com um acervo de mais de 50 mil álbuns de origem global, varri praticamente todo o underground em busca de boa música, e inconscientemente, da caveira mais perfeita. Enfim, este é o meu hobby de vida e de morte, que retratarei aqui diariamente a partir do dia 1 de Janeiro e  até o dia 31 de Dezembro de 2024.
 
Fonte de texto gratuita utilizada neste blog
 
Por mais de 4 décadas venho testemunhando no universo da música, a utilização deste símbolo que de forma enigmática chama a atenção de todos para o mistério da morte. Tornou-se popular e massificada no imaginário da música rock, e principalmente no heavy metal. No entanto, há excessões pontuais em estilos musicais distintos, que igualmente se utiliza dessa iconografia de forma criativa. No decorrer do ano, alguns destes álbuns também serão lembrados e devidamente destacados. Deixe nos comentários qual álbum com caveira(s) não pode deixar de ser lembrado neste projeto!
 
Disco de vinil recortado por Nohan Scalin
 
Este blog faz referência direta a Noah Scalin, autor do conceito do projeto original Skull-a-Day em blog (2007) e livro (2008). Após 13 anos do meu projeto audiovisual Skullgrid, retomo o desafio na variante musical, com 366 publicações no bissexto 2024.